Para se lidar com produtos financeiros é fundamental entender as diferenças entre o que são perdas potenciais e reais. Torna-se ainda necessário dominar conceitos como fechar e abrir posição, drawdown, stop loss, cut-off time, market timing ou buy&hold.
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Por Ken Teegardin |
Quando
procuramos investir em determinado ativo, como por exemplo um fundo, ações ou
obrigações temos de começar por abrir uma posição. Para tal recorremos a um
intermediário financeiro. Existem diferentes formas e estratégias para
determinar em que momento entrar em determinado ativo.
Pode-se recorrer
nomeadamente à análise técnica, análise fundamental, trend following, long & short, discounted cash flow, volatility breakout, risk reversal ou optar pela estratégia de alocação de ativos.
Seja por falta
de controlo emocional, ou por desconhecimento, é frequente investidores
inexperientes terem a sua tomada de decisão afetada pelas perdas
momentâneas. Quer isto dizer que tornam perdas potenciais em reais. Para tal
fecham a posição previamente aberta, mas com saldo negativo entre a cotação de abertura
e de fecho.
Não é fácil saber
que se está a perder dinheiro em determinado momento, e muitas vezes na flor da
emoção corre-se para o refúgio do fecho de posição à mínima perda, que poderá ser
recuperável.
São pessoas que não estão com disponibilidade emotiva para
conviverem com perdas, ainda que potenciais. Assim sendo, se a pessoa
tiver inicialmente definido uma estratégia objetiva, concreta e bem delineada,
deve mante-la até ao fim e nesse momento fazer o balanço.
Em todo caso,
uma estratégia deve estar preparada para ter em conta certas particularidades,
relembrando que rentabilidades passadas não são garantia de rentabilidades futuras. Deverá responder às seguintes questões. Qual o meu perfil
de risco? Qual o nível de perdas que aceito até resgatar, mesmo num período de
profunda crise? Quanto aceito de perda máxima diária? Qual o período de
exposição? Qual o stop loss mental
que defini?
Estas são
algumas das perguntas que deve colocar a si mesmo num momento prévio ao
investimento. Contudo, relembre-se que de nada serve estabelecer um plano se
não tiver capacidade para o cumprir. Controlo emocional, disciplina e rigor é
fundamental.
Caso não tenha
um plano, ou não o cumpra, facilmente pode cair no erro de não assumir as perdas
em nenhum momento, perdendo totalmente o controlo da situação. Rapidamente vêm
à ideia aqueles investidores que estão há vários anos, e vão ficar, ad eternum, literalmente entalados em ações
da PT ou do BCP com prejuízos irrecuperáveis.
Além disso, enquanto não
assumirem a perda, estão também a ter o custo de oportunidade noutros
investimentos. No extremo temos o exemplo dos acionistas do recente caso BES,
que como é sabido, ficaram também eles com prejuízos irrecuperáveis.
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Exemplo de um drawdown máximo |
Ser
disciplinado e rigoroso é então uma das regras para evitar drawdowns para os quais não está preparado, pois recuperar capital
perdido é extremamente mais difícil do que preservá-lo. Entende-se por drawdown como uma medida de prejuízo
percentual a partir de um valor máximo até ao valor mínimo durante um certo período de tempo.
Quanto
maior for a perda maior será o drawdown, e
quanto mais recorrentes, menores o retornos compostos. Por sua vez o drawdown máximo representa em termos históricos
a maior perda atingida em determina carteira ou ativo financeiro.
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Perdas e montantes percentuais para atingir o breakeven |
Quanto maior o drawdown maior o
esforço em recuperar para o breakeven.
Ou seja, um ponto de equilíbrio em que não existe nem ganho, nem perda.
Relembre-se que uma das principais regras de Warren Buffet é nunca perder dinheiro devido precisamente aos drawdowns e à dificuldade em recuperar das perdas.
Imaginando que tem 100€, sofre uma perda de 50%, fica com 50€. Para voltar a ter os mesmos 100€ precisa agora de ter ganhos de 100%!
Outro conceito que é necessário entender denomina-se cut-off time. Este indica o fim do dia de negociação em curso e o início de um novo dia
de negociação. Refira-se que em determinado tipo de produtos financeiros o cut-off time pode não coincidir com o
próprio dia. Exemplificando.
Um fundo de investimento que tenha o cut-off time de 11:00:00h e que esteja
fortemente associado a um índice que nesse dia está a ter perdas de grande
ordem. Neste caso tem até às 11h para fechar o fundo e ficar com a cotação do
dia anterior e assim evitar as possíveis perdas desse dia.
Por fim há ainda
dois tipos fundamentais de estratégia, que podem funcionar complementarmente ou
de modo independente. Uma opta pelo market
timing (mais ou menos agressivo, consoante o tipo de gestão ativa) e outra
pelo buy&hold.
O primeiro
refere-se a um tipo de estratégia que exige dedicação e acompanhamento permanente
dos ativos. Há normalmente um maior stress
associado devido à pressão de resultados. É ainda suscetível de ocorrer um maior
número de erros, pois aquilo que se procura é bater os índices da categoria.
Procura-se encontrar oportunidades pontuais, que só fazem sentido em
determinada situação que carece de análise para avaliar a sua atratividade e
potencial de retorno em dadas circunstâncias.
A estratégia de
buy&hold será à partida a mais
indicada para pessoas inexperientes. Neste caso escolhe-se uma carteira
para determinado tipo de perfil, determina-se a alocação de ativos de acordo
com esse mesmo perfil, cumpre-se o prazo recomendado e espera-se. É também conhecido
como lazy portefólio.
A manutenção
deste tipo de portfólios refere-se apenas à realocação periódica das
percentagens inicialmente definidas. É possível ter este tipo de estratégia
através de fundos de investimento, ou então replicando mesmo os índices nomeadamente
através de ETFs. Estes normalmente
justificam-se quanto maior for o prazo, devido aos baixos custos associados.
9/17/2014